Para lá do orientalismo: ler Marx entre Chakrabarty e Aricó
DOI:
https://doi.org/10.48487/pdh.2021.n11.24208Palavras-chave:
Dipesh Chakrabarty, José Aricó, Marxismo, OrientalismoResumo
Além das diferenças entre as práticas intelectuais e políticas de Dipesh Chakrabarty e José Aricó, o trabalho de ambos os autores representa uma maneira comum de intervir na discussão sobre o orientalismo de Marx. Simultaneamente ao trabalho de Said e aos debates gerados por ele, o historiador indiano e o intelectual argentino desenvolveram uma leitura de Marx focada nas ambivalências do pensador alemão em relação às sociedades não europeias. Dife- renciados da hipótese de um eurocentrismo necessário na configuração da teoria marxista, os dois autores fizeram um esforço para demonstrar a necessidade de ter conceitos marxistas para dar conta das realidades periféricas. No caso de Chakrabarty, resgatando a narrativa do capital, mas abrindo o corpus marxista ao problema da diferença histórica. No caso de Aricó, desestabilizando a tradição marxista através da recuperação de um Marx interessado nas espe- cificidades das sociedades não europeias. Através dessas operações, Chakrabarty e Aricó desenvolveram um movimento crítico dentro do marxismo que envolveu a manutenção de uma posição materialista, mas também a abertura a singularidades nacionais e regionais.