Viajantes em arquivos, ou as possibilidades de uma historiografia pós-pós-arquivística
DOI:
https://doi.org/10.48487/pdh.2016.n3.23045Palavras-chave:
arquivo, historiografia pós-arquivistica, pós-colonialResumo
De há algum tempo para cá, os arquivos têm sido vistos como conspirações do poder estatal com as quais o historiador não deve pactuar. É agora possível discernir um lento processo de recuperação desta condição pós- ou anti-colonial. À medida que os historiadores aprendem a operar com uma concepção mais activa de arquivo, ‘o’ arquivo revela-se enquanto movimento retórico mais do que um lugar onde documentos são depositados., e ‘arquivos’ tornam-se no corpo de material onde vamos buscar, ou onde podemos plausivelmente ir buscar, respostas para as perguntas da nossa pesquisa. Este texto oferece uma leitura de dois arquivos peculiares cujas histórias precisam de ser inscritas na historiografia que deles bebe. Discernível no movimento de uma perspectiva passiva do arquivo para outra centrada em poder-conhecimento é o reconhecimento de que também os arquivos possuem uma história intelectual. No entanto, não se pode controlar os significados dos arquivos que criamos: os nossos próprios enredos são enfraquecidos por aquilo que inventamos enquanto arquivo, no nosso ordenamento e, claro, no re-ordenamento de outros. O controlo singular sobre a história e sobre a memória atribuido a ’o’ arquivo nunca existiu. Nós inventamos um arquivo a cada vez que temos uma pergunta a que responder; e, nesse momento, outra pessoa re-inventa o arquivo ao serviço de uma nova questão.