Retrospectivas (Digitais) sobre a Historiografia Africana: Descolonização, imprensa africana e os usos do conhecimento (fechada)

Editoras: Noemi Alfieri (CHAM, NOVA FCSH-UAc; Africa Multiple Cluster of Excellence, U. Bayreuth), Cassandra Mark-Thiesen (Africa Multiple Cluster of Excellence, U. Bayreuth)

A história da produção do conhecimento em África é um tema que tem despertado grande interesse, no contexto da crescente consciência da globalização desigual do pensamento intelectual. Focando-se no período da descolonização em África, um número crescente de académicos tem explorado, especificamente, a historiografia lida em publicações como panfletos, revistas, jornais ou periódicos (Mark-Thiesen, Alfieri, Thioub, Coquerey-Vidrovitch e outros). Eles fornecem um importante impulso para a compreensão da ligação entre os media e a emancipação, a democracia política, a liberdade de escolha e a consciência coletiva.

Este número especial de Práticas da História reflete sobre as possibilidades e os constrangimentos epistemológicos contemporâneos na escrita da história. Por isso, acolhe tanto contribuições que se debrucem sobre as publicações periódicas africanas (académicas, literárias, artísticas e efémeras /avulsas) das décadas de 1950 a 1980, como sobre as histórias por trás dessas publicações. Esperamos contribuições que abordem visões múltiplas e conflituais da descolonização, e da construção de futuros para o continente africano e as suas diásporas. Convidamos também para a submissão de artigos que investiguem historiografias da África com diferentes perspectivas: que utilizem o vernáculo local, que incorporem expressões idiomáticas, imagens locais, mitos e folclore; que se relacionem com o presente ou com o passado longínquo. Encorajamos, também, abordagens da “históriografia nacionalista” que, se comparadas à concepção monolítica tão dominante na altura, tenham em consideração nuances, particularidares e pormenores. O Pan-Africanismo e a Négritude, por exemplo, apesar de revolucionar o contexto político do continente, permaneceram contestados enquanto projetos intelectuais. São muito bem-vindos artigos que problematizem as conceptualizações
correntes desta historiografia, como "colonial", "tradicional", "radical", "eurocêntrica", "afrocêntrica", "centrada em África", etc.

Finalmente, no que diz respeito à metodologia, e tendo em consideração a atual vaga de digitalização e transição digital, as editoras convidadas encorajam reflexões sobre os processos de preservação digital e recirculação da historiografia a partir de África. Refletir-se-á, ainda, sobre as implicações desses processos na produção de conhecimento baseado em África e nas diásporas, nos campos das artes, da literatura e dos estudos académicos. Qual o seu impacto no alargamento da esfera pública e no empoderamento das comunidades? De que forma as plataformas on-line encorajam a reposicionar, repensar e recalibrar este conjunto de conhecimento do continente? Quais as potencialidades futuras? Estamos interessadas em contribuições que se debrucem sobre as receções contemporâneas e futuras, na esfera digital, das publicações e revistas acima mencionadas.

As propostas (máximo 500 palavras) deverão ser enviadas até 30 de Abril de 2024 para praticashistoria@gmail.com , acompanhadas por uma breve nota biográfica. A notificação de aceitação será enviada até 15 de Maio de 2024, e os textos completos deverão ser submetidos até 31 de Julho de 2024. São bem-vindas contribuições em inglês e português.