Humanismos Científicos e o Antropoceno, ou o Sonho de Conduzir a Evolução do Mundo Humano e Natural
DOI:
https://doi.org/10.48487/pdh.2021.n11.24293Palavras-chave:
Humanismo, Evolução, Teologia, AntropocenoResumo
Este texto procura dialogar com as diferentes formas de humanismo, designadas como novas, científicas, evolucionárias ou ecológicas, que emergiram da história da ciência e da biologia evolutiva desde o período entre- guerras até ao pós-segunda guerra mundial. O texto centra-se em questões relativas ao progresso, à teleologia, ao universalismo e ao eurocentrismo nas conceptualizações da história (da evolução), do presente e do futuro que lhes estão associadas. Segundo a grande narrativa de Julian Sorrell Huxley, as transições que tiveram lugar no limiar entre o inorgânico e o biológico e do biológico para a fase humana ou psicosocial da evolução transformaram as regras do jogo. Uma das principais figuras da síntese moderna, Huxley opunha-se fortemente à teleologia. No entanto, esta última era indispensável para manter a possibilidade de um desenvolvimento consciente na fase humana. Combinados com a ciência ecológica e com programas ecológicos aplicados, estes humanismos resultaram numa prefiguração do que hoje designamos por Antropoceno. Tal como o Antropoceno, estes humanismos assentam na responsabilidade universal da humanidade pelo futuro do planeta. Embora aparentemente os verdeiros guardiões do evolucionismo progressista fossem elites científicas, é então a própria noção de Anthropos inerente a estes conceitos que parece ser problemática.