A escrita da história da ‘descoberta’ de Cabo Verde. Fabulário cronográfico, história oficial ou fabricação do consentimento?
DOI:
https://doi.org/10.48487/pdh.2017.n5.22586Palavras-chave:
História, Escrita, Descoberta, Achamento, Cabo VerdeResumo
Este artigo debruça-se sobre a problemática da escrita da história da ‘descoberta’ das ilhas de Cabo Verde: trata-se de colocar em destaque a forma como diferentes historiadores escreveram acerca do achamento deste arquipélago oeste-africano. Num primeiro momento, traçaremos uma genealogia desse debate, de modo a colocar em pauta as filigranas que tecem os diferentes meandros de densidade da controvérsia historiográfica. Aqui, a nossa exegese é, pois, a de uma história da história da ‘descoberta’ com vista a elucidar os modelos escriturários que fixaram as coordenadas cronológicas, temáticas e nominativas em torno daquele ato transformado em acontecimento histórico e conteúdo mnemónico quase crepuscular. De seguida, daremos conta das afinidades que a interpretação do achamento estabelece, de forma cúmplice, com o fabulário imperial português e com o memorialismo comemorativo colonial que subsidiou a construção do consentimento discursivo fixado como história oficial.