A morte de um futebolista. Eusébio e a luta pela história portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.48487/pdh.2019.n8.22417Palavras-chave:
Portugal, nacionalismoResumo
A morte em 2014 de Eusébio da Silva Ferreira, considerado o maior jogador de futebol africano, deu origem a um processo de patrimonialização conduzido pelo Estado português, que levou o seu corpo ao Panteão Nacional, lugar de celebração dos heróis nacionais. Nascido na capital de Moçambique colonial, Eusé- bio veio para Portugal com 18 anos, onde jogou e representou a seleção portuguesa. A celebração de Eusébio enquanto herói português ofereceu ao Estado um meio de narrar o processo traumático do fim do seu império, evocando as virtudes de uma excecional experiência colonial. Explorando a economia afetivagerada pelo futebol, a construção biográfica oficial “de um herói do povo” oculta o processo de edificação de uma sociedade colonial violenta e desigual e reifica o lugar social do subordinado.